Sistemas agroflorestais da Amazônia atuam no combate às mudanças climáticas, aponta pesquisa

  • 19/08/2025
(Foto: Reprodução)
Sistemas agroflorestais contribuem para o sequestro de carbono Embrapa Pesquisa realizada por Daniela Pauletto, professora do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), aponta que os Sistemas Agroflorestais conhecidos como SAFs, são exemplos de resiliência ambiental, configurando-se ainda em estratégia de combate às mudanças climáticas na Amazônia, contribuindo tanto para o sequestro de carbono e a sustentabilidade ambiental quanto para a geração de renda, principalmente para agricultores familiares. ✅ Clique aqui e siga o canal g1 Santarém e Região no WhatsApp “Os sistemas agroflorestais são maneiras de cultivo consorciado que envolvem espécies florestais e agrícolas e também podem inserir o componente animal. Esse tipo de cultivo tem conhecimento na ancestralidade e atualmente se mostra como uma grande alternativa para diversificação de produção, geração de renda e manutenção dos serviços ambientais”, explicou Daniela Pauletto. A tese “Sistemas Agroflorestais na Amazônia Oriental: Análise da adoção, composição e características socioambientais”, foi defendida por Daniela Pauletto em abril deste ano no âmbito do doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte, da Universidade Federal do Pará (UFPA). A pesquisa englobou sete municípios da região Oeste do Pará: Santarém, Belterra, Mojuí dos Campos, Rurópolis, Novo Progresso, Alenquer e Monte Alegre, totalizando 68 propriedades visitadas e 75 SAFs analisados. “A pesquisa investigou a composição, a riqueza, a dinâmica e os fatores socioambientais que influenciam a implantação de sistemas agroflorestais na Amazônia Oriental”, explicou. O estudo envolveu diferentes tipologias de SAFs mantidas por agricultores familiares, incluindo quintais agroflorestais (QAFs) urbanos e rurais; e sistemas silviagrícolas, que são a junção da agricultura com espécies florestais. Os resultados revelaram elevada diversidade de espécies alimentares e florestais, com predomínio de frutíferas e variabilidade na estrutura e manejo dos sistemas. Exemplo de SAF encontrado no Oeste do Pará Acervo da pesquisa Durante a pesquisa, a cientista buscou entender por que as pessoas escolhem aquelas espécies para plantar. “Além de entender as escolhas, eu queria entender as combinações do ponto de vista de quem escolhe o que é imprescindível, o que as pessoas colocam nos seus sistemas consorciados. Eu queria entender as escolhas das pessoas”, disse. Segundo a pesquisadora, o componente frutífero é o que as pessoas estão buscando. “O público que adere aos sistemas agroflorestais – agricultores familiares, extrativistas, quilombolas – tem realmente mais afinidade com a produção de frutos”, afirmou. “Na teoria mais clássica da engenharia florestal, os sistemas agroflorestais são a junção de um componente agrícola com um componente florestal. No nosso contexto, não é o componente florestal. Em geral, os SAFs não são desenhados para madeira. Eles são SAFs frutíferos. O nosso componente árvore ou arbusto ou palmeira é para fruta”, destacou. Cumaru Segundo a pesquisadora, a maioria das propriedades investigadas está expandindo as áreas de SAFs com espécies que dão maior lucro, como o cumaru (Dipteryx odorata). No entanto, essa expansão não compete com as áreas de cultivos tradicionais. Nesse perfil de agricultor, o SAF não disputa espaço com cultivos agrícolas tradicionais. "Ele divide espaço. É bem interessante. As pessoas não migram a sua atuação para os SAFs. Elas ampliam, criam novas áreas, mas não abandonam a sua área tradicional de monocultivo, de plantio de mandioca, de feijão, de outras espécies que representam sua segurança alimentar”, disse Pauletto. Cultivo de cumaru Reprodução / Redes sociais Outro aspecto revelado pela pesquisa é o crescente interesse dos agricultores familiares pelo cumaru devido à expansão do mercado de sementes. Segundo a pesquisadora, a espécie tem sido muito importante para o aumento do número de sistemas agroflorestais na região: “É muito interessante a dinâmica do cumaru. Ele realmente se torna uma mola propulsora dos SAFs, como ficou evidente no nosso mapeamento, porque permite o consórcio com outras espécies. O cumaru gera uma renda que incentiva, inclusive, o cultivo de outros espécies perenes”. Além da demanda crescente, outra vantagem é a rapidez com que a espécie começa a produzir sementes. “Com dois anos e meio, ela já começa a ter produção de frutos. Com quatro anos, a árvore tem uma produção mais estável, com pouca demanda de manejo para o agricultor”, explica. “Com a renda do cumaru, o agricultor consegue se 'dar ao luxo' de cultivar outros que são mais exigentes, como o cacau e o cupuaçu, que precisam de mais poda e adubação”. SAFs contribuem para o combate às mudanças climáticas na Amazônia Quintais Na tese, a pesquisadora também destaca a importância dos quintais agroflorestais como um local de experimentação e de ensaios que precedem a implantação de iniciativas florestais. “A gente percebe uma estrutura muito mais estável nos quintais. Independente da pessoa ter ou não outros sistemas agroflorestais no seu contexto agrário, é muito difícil uma residência rural não ter um quintal agroflorestal”. Quintais produtos apresentam estrutura mais estável, segundo pesquisa (imagem ilustrativa) WWF Ela contou que tem notado, tanto na revisão de literatura da tese, quanto na pesquisa, que o quintal ainda continua sendo uma grande área de ensaio. "Isso é muito interessante, porque ainda é um local onde você multiplica a única muda que você ganhou ou aquela espécie que você não conhece. É onde você faz os primeiros testes: se aquilo realmente é bom, se é doce, se é aquela fruta, algo assim”. Ainda de acordo com Pauletto, os quintais são sempre muito mais diversos, muito estruturados, com espécies medicinais, espécies alimentares. Com relação à questão social, também são utilizados como área de encontro religioso, de descanso, de trabalho, de arrumar malhadeira. "Então, os quintais têm um outro contexto. E as árvores, as espécies lenhosas, estão ali para dar esse suporte, dos serviços ambientais e ecossistêmicos”. COP 30 Discussões socioambientais e pesquisas que envolvem as mudanças climáticas estarão na programação do encontro Pré-COP 30 da Ufopa, que ocorrerá nos dias 28 e 29 de agosto, em Santarém (PA). Saiba mais no site oficial do evento AQUI. VÍDEOS: Mais vistos do g1 Santarém e Região

FONTE: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2025/08/19/sistemas-agroflorestais-da-amazonia-atuam-no-combate-as-mudancas-climaticas-aponta-pesquisa.ghtml


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